sexta-feira, 13 de maio de 2016

As diaconisas e o Papa Francisco


Vem chamando atenção, desde ontem, o anúncio do Papa Francisco de criar uma comissão para estudar a possibilidade de mulheres no diaconado. É claro que, como de costume, as primeiras opiniões que sacudiram as mídias sociais foram as que nem se informaram ao certo quanto ao conteúdo da notícia e já saíram despejando sentenças do tipo 8 ou 80, desde os típicos “já era hora” até os igualmente típicos “o mundo está acabando”.
Acalmem-se todos!
Trata-se de assunto significativo, sem dúvida, mas que precisa ser entendido no contexto correto.
Primeiro: isto não é novidade. A Comissão Teológica Internacional, à qual a Congregação para a Doutrina da Fé confia estudos sobre uma grande variedade de questões teológicas delicadas, recebeu duas vezes, do então cardeal Joseph Ratzinger, a tarefa de analisar a questão das mulheres no diaconado. Por que duas vezes? Porque o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé estabelece planejamentos de 5 anos para as tarefas da Comissão, e os estudos sobre a questão das diaconisas foram estendidos para um segundo período de 5 anos, ao término dos quais, em 2002, foi lançado um relatório. Esse documento concluiu que o ministério de discernimento atribuído à Igreja pelo Senhor pode se pronunciar com autoridade sobre a questão, o que significa que, do ponto de vista histórico-teológico, nada impedia de forma decisiva o diaconado feminino.
Parece que, agora, o Papa Francisco pretende dar a resposta de autoridade prevista por aqueles 10 anos de estudos histórico-teológicos. No entanto, especialmente ao se levar em conta a advertência do próprio papa contra o clericalismo, ninguém prevê ao certo, por enquanto, qual é a forma que essa resposta pode adotar.
Segundo: esta não é uma simples questão “organizacional”, mas, principalmente, uma questão de teologia do diaconado. Desde a sua renovação pelo Concílio Vaticano II e pelo Papa Paulo VI há quase 50 anos, vem sendo gerado um crescente volume de trabalho sobre a teologia do diaconado. Assim como o presbiterado e o episcopado continuaram a evoluir, também a antiga ordem do diaconado está sendo vivida e exercida em novo contexto no século XXI. A nova comissão terá que examinar a teologia fundamental do diaconado em si antes das questões específicas sobre as mulheres no diaconado.
Terceiro: a emergente teologia do diaconado distingue dois “modos de participação” no único sacramento da Ordem: os sacerdotes (padres e bispos) e os diáconos. Em outras palavras: embora os três graus façam parte do estado clerical, os diáconos não são sacerdotes. A questão será: esta distinção permite a ordenação de mulheres como diaconisas mesmo quando as mulheres não podem ser ordenadas no sacerdócio, conforme o ensino autorizado do magistério pontifício? Note-se bem: todo o ensino magisterial prévio sobre a impossibilidade da ordenação de mulheres se concentra somente e especificamente na ordenação ao sacerdócio, e não ao diaconado. É por isso que a questão permanece aberta.
Quarto: por isso mesmo, a eventual ordenação de mulheres no diaconado não implica “escorregar” para uma eventual ordenação futura de mulheres no sacerdócio. Eu digo isto inclusive com base em quase 50 anos de um diaconado renovado que é amplamente exercido por homens casados: não houve nada parecido com uma “corrida” às chancelarias para exigir que esses diáconos casados pudessem ser ordenados sacerdotes. Diaconado e sacerdócio, mesmo sendo obviamente relacionados, são duas vocações distintas na Igreja católica. A vocação a um não significa vocação ao outro.
Sabendo disso, não se afobe, continue rezando pela contínua iluminação do Espírito Santo sobre a sua Igreja e conheça cada vez mais a fundo a riqueza da teologia e o fascínio das questões históricas do catolicismo – que só são apresentadas devidamente pela própria Igreja, não pela mídia laica e muito menos pelo fluxo de postagens do Facebook.

AleteiaORG

Postado por: Ygor I. Mendes

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Ja que Brasil siga caminho de harmonia e paz

Durante audiência, Francisco disse que dedicava pensamento ao Brasil. 
Ele deseja que o Brasil siga os caminhos da harmonia e da paz.








O Papa Francisco mandou uma mensagem ao Brasil, durante a audiência geral, no Vaticano. Foi a primeira vez que o Papa Francisco falou em público sobre a crise política no Brasil.

No fim da audiência da quarta-feira, na Praça São Pedro, Francisco cumprimentou os fiéis, especialmente os peregrinos de Araxá, em Minas Gerais. E ao falar a eles, o papa disse que dedicava o seu pensamento ao Brasil.
“Nesses dias em que nos preparamos para a festa de Pentecostes, peço ao Senhor que derrame os dons do Espírito Santo ao país para que nesse momento de dificuldades, siga nos caminhos da harmonia e da paz, com a ajuda de orações e do diálogo e com a proximidade de Nossa Senhora Aparecida, como a boa mãe que não abandona os seus filhos, na defesa e na guia deste caminho".
globo.com
Postado por: Ygor I. Mendes

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Opinião: O sonho europeu do papa


Ao receber o Prêmio Carlos Magno, sumo pontífice pede um "novo humanismo europeu" e diz sonhar com uma Europa em que "ser refugiado não é crime". Um discurso grandioso e visionário, opina o jornalista Christoph Strack.
A palavra "refugiados" não é citada uma vez sequer no discurso de papa Francisco. O que ele quer nos dizer com isso? Ele falta com a fidelidade a seu papel de admoestador na crise dos refugiados? Não. Francisco, vencedor do Prêmio Carlos Magno de 2016, quer mais. Ele quer outra coisa. Ao agradecer a homenagem, em discurso grandioso, ele pede "novo humanismo europeu" na Europa.
Muito já foi dito por Roma sobre os refugiados e a recepção deles na Europa. E também por cada uma das três personalidades que discursaram na cerimônia de premiação: Martin Schulz, Jean-Claude Juncker e Donald Tusk, além de Matteo Renzi e Angela Merkel na véspera. O papa Francisco prefere a ação concreta, mais recentemente com a sua visita a Lesbos, e mostra, assim, como a Europa, como o meio político europeu está sem ação.
E, ainda assim, a exposição visionária de Francisco traz o assunto espinhoso. Ao seu sonho de um "novo humanismo europeu" pertence a frase: "Eu sonho com uma Europa em que ser refugiado não é crime." Será que o papa tem a impressão de que os migrantes são tidos como criminosos na Europa?
Nisso, o papa falou, como ele mesmo diz, como "filho que tem na mãe Europa suas raízes de vida e de fé", cujos pais partiram da pobreza europeia do Piemonte. Seu filho não se esqueceu disso e elogia empolgado aquilo que a Europa é para ele: defensora dos direitos humanos, da democracia e da liberdade, lar de poetas, filósofos, artistas. Europa, você que é mãe de povos e nações: "O que aconteceu com você, Europa?"
Quando foi a última vez que este bem-comportado Prêmio Carlos Magno teve um discurso tão fresco e quase irado, cheio de admiração e encorajamento e, de certa forma, também revolucionário no sentido de um sonhador? Há muito tempo que não.
O papa Francisco dividiu seu discurso com as palavras "integração, diálogo, criatividade". Nisso, ele foi bastante realista politicamente. E ele lembrou mais uma vez à Europa o que está acontecendo com milhões de jovens, especialmente no sul do continente, que não têm educação, emprego e perspectivas, e de como isso é indigno.
O premiado cita um único autor explicitamente em seu discurso: o jesuíta polonês nascido em Erich Przywara e sua obra Idee Europa (ideia de Europa). Francisco recomendou o livro em algumas outras ocasiões. A ideia de Europa de um jesuíta nascido na Polônia.
Isto traz à mente o discurso notável de Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu e ex-primeiro-ministro polonês. No último discurso antes do próprio pontífice, ele fala com orgulho de sua Polônia. Orgulho e sabedoria. Mas qualquer um que queira entender entende: "A Polônia é e continuará sendo Europa. Não há dúvida."
Em cerca de dez semanas, o papa Francisco estará na Jornada Mundial da Juventude, na Polônia, neste país tão católico que agora resiste tanto a receber refugiados. Um discurso como esse, na Sala Régia do Palácio Apostólico, se proferido nos portões da Cracóvia para a juventude do mundo poderia mexer com a Polônia, tal como, certa vez, o "não tenha medo" dito pelo hoje canonizado João Paulo 2° abalou o antigo sistema comunista. O papa Francisco acredita na Europa. Ele promove suas ideias. E também deve lutar por elas.
NotíciasTerra
Postado por: Ygor I. Mendes