terça-feira, 28 de outubro de 2014

Big Bang e Teoria da Evolução não contradizem cristianismo, diz Papa

Francisco ainda criticou interpretação errada do Gênesis: 'Deus não é mago'.
Declarações foram feitas à Pontifícia Academia de Ciências, no Vaticano.

Do G1, em São Paulo
Papa Francisco fez declarações sobre a ciência durante inauguração de busto em homenagem ao Papa Emérito Bento XVI (Foto: Osservatore Romano/Reuters)Papa Francisco fez declarações sobre a ciência durante inauguração de busto em homenagem ao Papa Emérito Bento XVI (Foto: Osservatore Romano/Reuters)
O Papa Francisco afirmou nesta segunda-feira (27), durante discurso na Pontifícia Academia de Ciências, que a Teoria da Evolução e o Big Bang são reais e criticou a interpretação das pessoas que leem o Gênesis, livro da Bíblia, achando que Deus "tenha agido como um mago, com uma varinha mágica capaz de criar todas as coisas".
Segundo ele, a criação do mundo "não é obra do caos, mas deriva de um princípio supremo que cria por amor". "O Big Bang não contradiz a intervenção criadora, mas a exige", disse o pontífice na inauguração de um busto de bronze em homenagem ao Papa Emérito Bento XVI.
O Big Bang é, segundo aceita a maior parte da comunidade científica, a explosão ocorrida há cerca de 13,8 bilhões de anos que deu origem à expansão do Universo. Já a Teoria da Evolução, iniciada pelo britânico Charles Darwin (1809-1882), que prega que os seres vivos não são imutáveis e se transformam de acordo com sua melhor adaptação ao meio ambiente, pela seleção natural.
O Papa acrescentou dizendo que a "evolução da natureza não é incompatível com a noção de criação, pois exige a criação de seres que evoluem".
Ele criticou que quando as pessoas leem o livro do Gênesis, sobre como foi a origem do mundo, pensam que Deus tenha agido como um mago. "Mas não é assim", explica.
Segundo Francisco, o homem foi criado com uma característica especial – a liberdade – e recebe a incumbência de proteger a criação, mas quando a liberdade se torna autonomia, destrói a criação e homem assume o lugar do criador.
"Ao cientista, portanto, sobretudo ao cientista cristão, corresponde a atitude de interrogar-se sobre o futuro da humanidade e da Terra; de construir um mundo humano para todas as pessoas e não para um grupo ou uma classe de privilegiados", concluiu o pontífice.
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domingo, 19 de outubro de 2014



Papa Francisco beatifica Paulo 6º

Cidade do Vaticano




Papa Francisco beatifica Paulo 6º16 fotos

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Freira carrega relíquia de Paulo 6º durante cerimônia de beatificação do religioso, realizada na praça de São Pedro, no Vaticano, neste domingo (19). O milagre atribuído a Paulo 6º é a cura de um feto diagnosticado com graves problemas cerebrais na década de 1990 na Califórnia (EUA). A mãe se recusou a abortar e rezou para o papa para salvar a criança, que nasceu saudável Alessandro Di Meo/Epa/Efe

O papa Francisco proclamou neste domingo (19) Paulo 6º beato durante missa na praça de São Pedro, no Vaticano, assistida por dezenas de milhares de pessoas.
Depois do ritual pedido de beatificação apresentado ao papa pelo bispo de Brescia, Luciano Monari, Francisco pronunciou a formula em latim que declarava beato o pontífice que encerrou o Concílio Vaticano 2º e que assinou importantes encíclicas como a "Humanae Vitae".

Francisco disse que "a partir de agora o papa Paulo 6º será chamado beato e sua festa se realizará, nos lugares e segundo as regras estabelecidas, em 26 de setembro de cada ano".
A cerimônia eucarística começou com a leitura da biografia do papa Paulo 6º pelo postulador da causa de beatificação, Antonio Marrazzo.

O papa emérito Bento 16 assistiu à beatificação, pois foi Paulo 6º que o nomeou cardeal, e foi cumprimentado por Francisco logo na chegada.

Os 253 participantes do Sínodo da família, encerrado ontem, participaram da cerimônia.

O milagre atribuído a Paulo 6º, e que o permitiu ser beatificado, é a cura de um feto diagnosticado com graves problema cerebrais no início da década de 1990 na Califórnia. A mãe se recusou a abortar e rezou para o papa para salvar a criança, que nasceu saudável.

No altar foi exposta a camiseta ensanguentada de Paulo 6º, depois do atentado, em 1970, quando um pintor boliviano o apunhalou duas vezes na chegada ao aeroporto de Manila.


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Padre Francisco de Paula Victor nasceu em 1827, em Campanha (MG). Era filho de escrava, mas não foi criado como propriedade, pois sua madrinha, dona da fazenda onde vivia, era abolicionista. Cresceu muito pobre e exerceu desde cedo a humildade. Ordenado padre aos 24 anos, fundou o Colégio Sagrada Família de Três Pontas (MG), onde foi professor e diretor por 30 anos. Morreu em 1905, aos 78 anos. É servo de Deus Leia mais Reprodução/paulavictor.com.br

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sábado, 18 de outubro de 2014

Vaticano não cita gays em texto final do Sínodo dos Bispos

Documento foi preparado após discussões com cardeais e bispos do mundo.
Mensagem destaca o 'grande desafio da fidelidade no amor conjugal'.

Do G1, em São Paulo
O Vaticano divulgou neste sábado (18) uma mensagem destinada “às famílias do mundo todo” como resultado do Sínodo dos Bispos, reunião com cardeais convocada pelo Papa Francisco. O texto denuncia as “inúmeras crises matrimoniais” e “eventos dramáticos” que elas sofreram, mas não menciona o casamento homossexual – assunto que divide os participantes.
O "Relatio Synodi", como é chamado o documento final, foi concluído após duas semanas de estudos dos problemas da família moderna em todos os continentes, com o objetivo de tentar abrir a Igreja às uniões livres, aos divorciados e aos homossexuais, embora estes dois últimos temas tenham gerado reticências. No total, 183 padres sinodais participaram da votação, e cada ponto dos 62 parágrafos do documento foi submetido a votação.
Três pontos não tiveram a maioria de dois terços necessária, o da homossexualidade e o acesso à comunhão para os divorciados que tornam a se casar, informou o Vaticano. Toda a documentação, tanto os rascunhos quanto as correções, foi divulgada pelo Vaticano.
Havia expectativa de uma abertura à união de casais do mesmo sexo, já que no começo desta semana, os primeiros rascunhos deste documento indicavam uma grande mudança de tom sobre a participação dos gays na igreja. Um texto afirmava que os homossexuais têm “dons e qualidades a oferecer” e indagou se o catolicismo pode aceitar os gays e reconhecer aspectos positivos de casais do mesmo sexo.
"O Papa pediu que fosse publicado tudo, com total transparência, o que mostra um alto grau de maturidade", disse Manuel Dorantes, um dos porta-vozes. O texto será divulgado em todas as dioceses do mundo, juntamente com um questionário, e servirá de base para o próximo sínodo, programado para outubro de 2015. "Temos um ano para amadurecer", afirmou o Papa, que elogiou o vigor dos debates. "Se não tivesse havido discussões acaloradas, teria ficado preocupado", comentou, diante dos bispos
Crise no casamento tem destaque
Papa Francisco com outros sacerdotes durante a abertura da reunião final do Sínodo dos Bispos, neste sábado (18), no Vaticano (Foto: Andrew Medichini/AP)Papa Francisco com outros sacerdotes durante a abertura da reunião final do Sínodo dos Bispos, neste sábado (18), no Vaticano (Foto: Andrew Medichini/AP)
Redigido em um estilo simples, o texto refere-se “ao consolo e à exortação, à sombra e às luzes”, resumiu o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente da Comissão para a Mensagem. “Nós refletimos sobre o acompanhamento pastoral e a questão do acesso aos sacramentos das pessoas divorciadas que voltaram a se casar”, indica a mensagem.
O texto destaca o “grande desafio da fidelidade no amor conjugal”, provocado “pelo enfraquecimento da fé e dos valores, pelo individualismo, pelo empobrecimento das relações, pelo estresse que impede a reflexão”. “Vemos inúmeras crises matrimoniais, enfrentadas de maneira rápida, sem a coragem da paciência, da reflexão, do perdão mútuo, da reconciliação e até do sacrifício”, diz o material.

“O amor conjugal, único e indissolúvel, persiste, apesar das inúmeras dificuldades: é um dos mais belos milagres, mesmo que seja o mais comum”, afirmam os religiosos no documento, ressaltando o apoio que a família estável busca para seus membros em dificuldade.
Uma imagem é usada como símbolo do lar familiar, “a luz que brilha durante a noite por trás das janelas das residências modestas das periferias ou dos barracos”.

Refletindo a postura do Papa Francisco, o relatório final condena “o fetichismo do dinheiro” e menciona “as famílias pobres que se amontoam em um barco ou emigram pelos desertos”, “as mulheres submetidas à exploração”, “as crianças e as jovens vítimas de abusos” em suas próprias casas.

Em uma oração final, os bispos fazem referência ao direito a uma “casa para se viver em paz” e a um trabalho para “poder ganhar o pão com as próprias mãos”.

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domingo, 5 de outubro de 2014

Papa abre histórico sínodo para discutir a família e o casamento

O sínodo começa em um clima de tensão, alimentada pelas críticas dos setores ultraconservadores

Publicado em 05/10/2014, às 10h00


Da AFP

 / Foto: TIZIANA FABI / AFP

Foto: TIZIANA FABI / AFP

O papa Francisco inaugurou neste domingo (5) na basílica de São Pedro um histórico sínodo de bispos de todo mundo para analisar os desafios da família moderna e abordar temas tabus para a Igreja católica.
Durante quinze dias, cerca de 300 prelados, entre cardeais e arcebispos de todos os continentes, debaterão a portas fechadas sobre o casamento homossexual, os casais de fato, o divórcio e a comunhão para os divorciados que voltarem a se casas, entre outros temas delicados.
Com uma missa solene concelebrada com 230 prelados, o Papa, inaugurou a primeira assembleia extraordinária de bispos de seu pontificado, iniciado em março de 2013 e que poderá romper com velhas tradicionais e ser um divisor de águas na Igreja.
"As assembleias não servem para discutir ideias brilhantes e originais, ou para ver quem é mais inteligente. Neste caso, o Senhor nos pede que cuidemos da família", alertou o Papa durante sua homilia.
Com o tom solene das grandes ocasiões, Francisco insistiu que os "padres sinodais não frustrem o sonho de Deus e trabalhem generosamente com a verdadeira liberdade e humilde criatividade".
"O sonho de Deus sempre enfrenta a hipocrisia de alguns de seus servidores. Podemos frustrar o sonho de Deus se não nos deixarmos guiar pelo Espírito Santo", recordou.
O pontífice criticou "os maus pastores que jogam sobre o povo fardos insuportáveis, que eles sequer tocam com os dedos".
Na véspera, durante uma vigília de oração na praça de São Pedro, o Papa apareceu ante os cerca de 80.000 mil participantes para pedir que "ouçam o grito do povo de Deus".
"Devemos ouvir o que gritam os homens de nosso tempo", afirmou ainda.
TENSÕES E CRÍTICAS - O sínodo começa em um clima de tensão, alimentada pelas críticas dos setores ultraconservadores, que chegaram a acusar o Papa de ter sido eleito de forma ilegal, em um conclave irregular, segundo um livro lançado no sábado pelo jornalista italiano Antonio Socci.
Além dos prelados, participarão laicos e casais, entre eles um casal misto, formado por um católico e um muçulmano.
Francisco pretende abrir a Igreja e deixar de lado a política e a perseguição contra os fieis que não seguem ao pé da letra seus preceitos, como acontecia no passado.
"Há uma porta que até agora esteve fechada e o Papa quer agora que se abra. O Papa quer que o povo de Deus se expresse e diga o que pensa", antecipou à imprensa o cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do sínodo.
A assembleia foi fixada ao término de uma consulta mundial sobre a evolução da família, lançada pelo Papa argentino pouco depois de sua eleição em março de 2013.
Depois deste sínodo extraordinário, no qual não serão tomadas decisões, o Papa programou para 2015 um sínodo ordinário, ao término do qual a Igreja católica poderá adotar medidas específicas, fruta da mediação entre vários setores.
As expectativas nos dois campos são elevadas e não se exclui que a hierarquia da Igreja termine por reiterar o valor da família tradicional e condene o chamado divórcio católico.
Os inúmeros católicos que vivem hoje em dia "fora das regras" preocupa a Igreja liderada por Francisco, que, em algumas ocasiões, insistiu em acolher esses fieis e evitar que sejam excluídos.
O aumento dos divórcios, das famílias monoparentais, da convivência extramatrimonial e das uniões entre pessoas de mesmo sexo estão mudando o modelo de família, por isso o Papa quis convocar este sínodo.
Durante a semana, um grupo de 48 intelectuais católicos conservadores, entre eles muitos americanos, enviou uma carta pedindo que o pontífice seja "intransigente" quanto ao casamento tradicional.
No documento, os intelectuais manifestam preocupação com a família, especialmente nos Estados Unidos, onde 40% dos casais se divorciam.
"Os casais estão desesperadamente à espera de ouvir a verdade (...) saber as razões pelas quais Cristo e a Igreja desejam que sejam fiéis um ao outro por toda a vida", escreveram.
"Quando o casamento se torna difícil, como acontece com a maioria dos casais, a Igreja deve ser uma fonte de apoio, não apenas individualmente", dizem.
Apesar de o Papa ter pedido à hierarquia da Igreja Católica um debate "sereno e aberto" sobre a evolução da família moderna, católicos progressistas e conservadores divergem sobre a questão em discussões na imprensa especializada.
Embora a questão não tenha sido abordada na carta, muitos católicos conservadores, incluindo vários cardeais, rejeitam a ideia de a Igreja liberar a comunhão aos divorciados que se casaram novamente .
Esse é um dos principais assuntos a ser discutido no sínodo, porque parte da hierarquia católica considera que é o preço a ser pago por aqueles que quebram um sacramento como o casamento, considerado insolúvel.
Os prelados debaterão também sobre o aborto, as relações fora do casamento, a violência doméstica, os abusos contra menores dentro da família, assim como imigração, globalização e distintos tipos de pobreza.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Papa consulta Leonardo Boff para escrever nova encíclica

Francisco teria pedido livros do teólogo sobre meio ambiente

O papa Francisco consultou o teólogo e escritor brasileiro Leonardo Boff para escrever sua nova encíclica, a qual terá o meio ambiente como tema principal.
    Segundo a ANSA apurou, Boff esteve entre os especialistas contatados durante a idealização e a gestão da exortação apostólica, a primeiro com autoria exclusiva de Jorge Mario Bergoglio. No ano passado, Francisco publicou a encíclica "Lumen Fidei", que, porém, foi escrita com a ajuda de seu antecessor, Bento XVI. Boff teria contado a pessoas próximas que, em um domingo de setembro de 2013, estava com a argentina Clelia Luro, viúva do bispo Jeronimo Podestà, quando o Papa telefonou à mulher. Luro, por sua vez, disse a Francisco que estava na companhia de Boff e, imediatamente, o Pontífice pediu que a viúva passasse o telefone. "Poderia me enviar aquele seu livro sobre temáticas ambientais? Preciso dele", teria dito Bergoglio ao teólogo brasileiro. O interesse de Francisco na obra de Boff também foi confirmado durante sua visita ao Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro. Funcionários do Vaticano teriam percorrido a cidade à procura de livros do teólogo.
    O próprio Boff, em entrevista à ANSA em julho do ano passado, chegou a dizer que acreditava que a próxima encíclica papal seria sobre meio ambiente. Hoje com 75 anos, Boff é expoente da Teoria da Libertação no Brasil. Foi membro da Ordem dos Frades Menores e alvo de um processo na Congregação para a Doutrina da Fé em 1984, então dirigida por Bento XVI, que lhe rendeu o afastamento da Igreja Católica e dos franciscanos.
    Clelia Luro, por sua vez, morreu no fim do ano passado. Ela ficou amiga de Francisco quando ele, em 2010, ainda arcebispo de Buenos Aires, deu a extrema-unção a seu marido, o bispo argentino afastado da Igreja nos anos 1960 por ter se casado.
 
Tags: AMBIENTE, boff, encíclica, Meio, papa