quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Deus é conhecido quando é amado, explica Papa - Por Patricia Navas



Audiência geral foi dedicada a Guilherme de Saint-Thierry, teólogo monástico do século XII



CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 2 de dezembro de 2009 (ZENIT.org).- O amor ilumina a inteligência e permite conhecer melhor a Deus, recordou Bento XVI na audiência geral dessa quarta-feira, na Sala Paulo VI.

O Papa dedicou sua reflexão a Guilherme de Saint-Thierry, amigo e biógrafo de São Bernardo de Claraval, também grande teólogo do século XII.

Originário de Liège, Guilherme viveu na França entre 1080 e 1148. Foi beneditino, mas depois vestiu o hábito cisterciense.

Dedicou-se à contemplação orante dos mistérios de Deus e à composição de escritos de literatura espiritual.

Este monge, segundo o Papa, estava convencido de que “a natureza humana, em sua essência mais profunda, consiste em amar”.

“Uma só tarefa é confiada a todo ser humano: aprender a amar, sincera, gratuita e autenticamente”, explicou o Papa, recolhendo o pensamento do religioso.

“Mas só na escola de Deus esta tarefa se cumpre e o homem pode alcançar o fim para o qual foi criado”, acrescentou.

Guilherme escrevia que “a arte das artes é a arte do amor”, e acrescentava que “o objeto deste amor é o Amor com ‘A’ maiúsculo, isto é, Deus”.

Falando de como o monge atribui uma notável importância à dimensão afetiva, o Papa comentou: “No fundo, queridos amigos, nosso coração está feito de carne, e quando amamos a Deus, que é o próprio Amor, como não expressar nesta relação com o Senhor também nossos sentimentos mais humanos, como a ternura, a sensibilidade, a delicadeza?”.

Na ascese até Deus, explicou o pontífice, a inteligência em si “reduz, ainda que não elimine, a distância entre o sujeito e o objeto, entre o eu e o tu” do amor.

“O amor, no entanto, produz atração e comunhão, até o ponto em que se dá uma transformação e uma assimilação entre o sujeito que ama e o objeto amado.”

“Esta reciprocidade de afeto e de simpatia permite, por sua vez, um conhecimento muito mais profundo que o oferecido somente pela razão”, observou.

Neste ponto, o Papa perguntou: “Não é verdade que conhecemos realmente somente a quem e aquilo que amamos?”.

“Sem certa simpatia, não se conhece ninguém nem nada! E isso vale sobretudo no conhecimento de Deus e dos seus mistérios, que superam a capacidade de compreensão da nossa inteligência: Deus é conhecido quando é amado!”

“Amar a Deus e, por esse amor, amar nosso próximo; somente assim poderemos encontrar a verdadeira alegria, antecipação da bem-aventurança eterna”, assegurou.

No entanto, o bispo de Roma acrescentou que “a esta perfeição, que Guilherme chama de ‘unidade de espírito’, não se chega com o esforço pessoal” e sim “pela ação do Espírito Santo, que habita a alma e a purifica; absorve e transforma em caridade todo impulso e todo desejo de amor presente no homem”.

“Pelo amor, o ser humano chega a ser pela graça o que Deus é por natureza”, afirmou.

Bento XVI concluiu sua catequese convidando todos a dizerem ao Senhor que “queremos viver de amor” e com uma oração de Santa Teresinha do Menino Jesus: “Viver de amor é dar, dar sempre sem medida, sem reclamar na vida recompensa. Quem ama nunca em pagamento pensa. Ao coração Divino, que é só ternura em jorro, eu tudo já entreguei! Leve e ligeira eu corro, só tendo esta riqueza tão apetecida: viver de amor”.