Vaticano - Papa Francisco (Blog N. 347 do Painel do Coronel Paim)- Parceria: Jornal O Porta-Voz
domingo, 22 de julho de 2012
Publicado por: admin
Por Mauro Santayana – A moderação dos Estados Unidos, que dizem estranhar a rapidez do processo de impeachment do Presidente Lugo, não deve alimentar o otimismo continental. Em plena campanha eleitoral, a equipe de Obama (mesmo a Sra. Clinton) caminha com cautela, e não lhe convém tomar atitudes drásticas nestas semanas. Esta razão os leva a deixar o assunto, neste momento, nas mãos da OEA. Na verdade, se as autoridades de Washington não ordenaram a operação relâmpago contra Lugo, não há dúvida de que o parlamento paraguaio vem sendo, e há muito, movido pelo controle remoto do Norte. E é quase certo que, ao agir como agiram, os inimigos de Lugo contavam com o aval norte-americano. E ainda contam. Conforme o Wikileaks revelou, a embaixada norte-americana informava a Washington, em março de 2009, que a direita preparava um “golpe democrático” contra Lugo, mediante o parlamento. Infelizmente não sabemos o que a embaixada dos Estados Unidos em Assunção comunicou ao seu governo depois e durante toda a maturação do golpe: Assange e Manning estão fora de ação.
Não é segredo que os falcões ianques sonham com o controle da Tríplice Fronteira. Não há, no sul do Hemisfério, ponto mais estratégico do que o que une o Brasil ao Paraguai e à Argentina. É o ponto central da região mais populosa e mais industrializada da América do Sul, a pouco mais de duas horas de vôo de Buenos Aires, de São Paulo e de Brasília. Isso sem falar nas cataratas do Iguaçu, no Aqüífero Guarani e na Usina de Itaipu. Por isso mesmo, qualquer coisa que ocorra em Assunção e em Buenos Aires nos interessa, e de muito perto.
Não procede a afirmação de Julio Sanguinetti, o ex-presidente uruguaio, de que estamos intervindo em assuntos internos do Paraguai. É provável que o ex-presidente – que teve um desempenho neoliberal durante seu mandato – esteja, além de ao Brasil e à Argentina, dirigindo suas críticas também a José Mujica, lutador contra a ditadura militar, que o manteve durante 14 anos prisioneiro, e que vem exercendo um governo exemplar de esquerda no Uruguai.
Não houve intervenção nos assuntos internos do Paraguai, mas a reação normal de dois organismos internacionais que se regem por tratados de defesa do estado de direito no continente, o Mercosul e a Unasul – isso sem se falar na OEA, cujo presidente condenou, ad referendum da assembléia, o golpe parlamentar de Assunção. É da norma das relações internacionais a manifestação de desagrado contra decisões de outros países, mediante medidas diplomáticas. Essas medidas podem evoluir, conforme a situação, até a ruptura de relações, sem que haja intervenção nos assuntos internos, nem violação aos princípios da autodeterminação dos povos.
A prudência – mesmo quando os atos internos não ameacem os países vizinhos – manda não reconhecer, de afogadilho, um governo que surge ex-abrupto, em manobra parlamentar de poucas horas. E se trata de sadia providência expressar, de imediato, o desconforto pelo processo de deposição, sem que tenha havido investigação minuciosa dos fatos alegados, e amplo direito de defesa do presidente.
Registre-se o açodamento nada cristão do núncio apostólico em hipotecar solidariedade ao sucessor de Lugo, a ponto de celebrar missa de regozijo no dia de sua posse. O Vaticano, ao ser o primeiro a reconhecer o novo governo, não agiu como Estado, mas, sim, como sede de uma seita religiosa como outra qualquer.
O bispo é um pecador, é verdade, mas menos pecador do que muitos outros prelados da Igreja. Ele, ao gerar filhos, agiu como um homem comum. Outros foram muito mais adiante nos pecados da carne – sem falar em outros deslizes, da mesma gravidade – e têm sido “compreendidos” e protegidos pela alta hierarquia da Igreja. O maior pecado de Lugo é o de defender os pobres, de retornar aos postulados da Teologia da Libertação.
Lugo parece decidido a recuperar o seu mandato – que duraria, constitucionalmente, até agosto do próximo ano. Não parece que isso seja fácil, embora não seja improvável. Na realidade, Lugo não conta com a maior parcela da classe média uruguaia, e possivelmente enfrente a hostilidade das forças militares. Os chamados poderes de fato – a começar pela Igreja Católica, que tem um estatuto de privilégios no Paraguai – não assimilaram o bispo e as suas idéias. Em política, no entanto, não convém subestimar os imprevistos.
Os fazendeiros brasileiros que se aproveitaram dos preços relativamente baixos das terras paraguaias e lá se fixaram, não podem colocar os seus interesses econômicos acima dos interesses permanentes da nação. É natural que aspirem a boas relações entre os dois países e que, até mesmo, peçam a Dilma que reconheça o governo. Mas o governo brasileiro não parece disposto a curvar-se diante dessa demanda corporativa dos “brasiguaios”.
No Paraguai se repete uma endemia política continental, sob o regime presidencialista. O povo vota em quem se dispõe a lutar contra as desigualdades e em assegurar a todos a educação, a saúde e a segurança, mediante a força do Estado. Os parlamentos são eleitos por feudos eleitorais dominados por oligarcas, que pretendem, isso sim, manter seus privilégios de fortuna, de classe, de relações familiares. Nós sofremos isso com a rebelião parlamentar, empresarial e militar (com apoio estrangeiro) contra Getúlio, em 1954, que o levou ao suicídio; contra Juscelino, mesmo antes de sua posse, e, em duas ocasiões, durante seu mandato. Todas foram debeladas. A conspiração se repetiu com Jânio, e com Jango – deposto pela aliança golpista civil e militar, patrocinada por Washington, em 1964.
A decisão dos paises do Mercosul de suspender o Paraguai de sua filiação ao Mercosul, e a da Unasul de só reconhecer o governo paraguaio que nasça das novas eleições marcadas para abril, não ferem a soberania do Paraguai, mas expressam um direito de evitar que as duas alianças continentais sejam cúmplices de um golpe contra o estado democrático de direito no país vizinho.
terça-feira, 10 de julho de 2012
Cardeal e arcebispo emérito Dom Eugenio Sales morre aos 91 anos no Rio
Atualizado à 7h42 SÃO PAULO - Morreu na noite desta segunda-feira, 9, aos 91 anos, na capital fluminense,
Wilton Júnior/AE
"Após voto, Dom Eugênio deixa sessão eleitoral no bairro da Glória, zona sul do Rio, em 2010"
SÃO PAULO - Morreu na noite desta segunda-feira, 9, aos 91 anos, na capital fluminense, o cardeal Dom Eugenio de Araujo Sales, arcebispo emérito da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Dom Eugenio morreu na Residência Assunção, onde morava, na Estrada do Sumaré, na zona norte do Rio.
Segundo a Arquidiocese, o mais antigo cardeal da Igreja Católica morreu por volta das 23 horas por causas naturais. O corpo do religioso é velado na Catedral São Sebastião, no centro do Rio, onde será sepultado. Segundo a Arquidiocese, nos últimos dias, a rotina de Dom Eugênio, que não possuía nenhuma enfermidade grave, limitava-se entre o quarto e o gabinete, onde lia jornais e assistia TV. Natural de Acari, no Rio Grande do Norte, Dom Eugenio chegou a ter o nome cogitado entre os candidatos a Papa, depois da morte de João Paulo I.
O atual cardeal-arcebispo da Arquidiocese do Rio, Dom Orani João Tempesta, que substitui Dom Eugênio em 2001, disse que nos últimos dois anos, em razão da idade, o arcebispo emérito começou a reduzir as atividades. "Ele já tinha dificuldades para andar, o raciocínio já estava um pouco lento", afirmou Dom Orani.
Ele também
destaca o importante trabalho realizado por Dom Eugenio, que nos últimos meses, apesar da idade, ainda tinha força de atender as pessoas em seu escritório.
"Foi um grande representante da Igreja Católica junto à Santa Sé. Governou a Arquidiocese durante 30 anos, criou a campanha da fraternidade, trabalhou socialmente na Favela do Vidigal e em outras mais, soube exercer sua função na sociedade, na igreja e no país. Durante os anos em que ficou afastado da Arquidiocese, escreveu artigos para jornais, tinha um programa semanal na TV.", acrescentou o atual arcebispo do Rio.
Em nota divulgada nesta madrugada de terça-feira, 10, o governador do Rio, Sérgio Cabral, lamenta a morte de Dom Eugenio Sales e decreta luto oficial de três dias no Estado. "Dom Eugenio Sales era amado pelo povo do Rio de Janeiro. Nas últimas décadas, a sua liderança religiosa foi a mais importante do nosso Estado. Vamos decretar três dias de luto.", afirmou Cabral.
últimas notícias de brasil
- Paraquedista morto durante salto em Boituva será cremado em Sorocaba, SP
- Após sair de parque, mãe e filha são feitas reféns em SP
- Cardeal e arcebispo emérito Dom Eugenio Sales morre aos 91 anos no Rio
- Perseguição invade baile funk na zona norte de SP
- Cardeal Dom Eugênio Sales morre aos 91 anos no Rio
- Quina acumula e prêmio pode chegar a R$ 900 mil
- mais »