domingo, 21 de agosto de 2011

Um milhão de cores saúda o Papa em Cuatro Vientos

Tempestade interrompeu discurso de Bento XVI perante um milhão de jovens

Durante a tarde, 700 pessoas foram atendidas nos postos de socorro por causa do calor Durante a tarde, 700 pessoas foram atendidas nos postos de socorro por causa do calor (Sergio Perez/Reuters)
Uma forte trovoada com vento e muita chuva obrigou o Papa Bento XVI a interromper durante cerca de 20 minutos o discurso que iniciara no aeródromo de Cuatro Vientos, em Madrid (Espanha). Apesar da intempérie, que obrigou a colocar vários guarda-chuvas diante do Papa, a multidão de jovens cantou, dançou, pulou e divertiu-se com a chuva que, apesar de tudo, refrescou o ambiente depois de uma semana de calor intenso.

"Obrigado pela vossa alegria e resistência", agradeceu o Papa, que se prepara para retomar o discurso. "A vossa festa é maior que a chuva."

O milhão de jovens que estará em Cuatro Vientos divertiu-se com a situação. O Papa ria-se e, a dado momento, interveio também na decisão sobre como retomar a a vigília, enquanto vários padres e o seu secretário o protegiam da chuva. Ao retomar o discurso, Bento XVI saltou o texto principal, limitando-se às curtas frases de saudação em diferentes línguas - entre as quais o português, depois de ser efusivamenbte saudado por poprtugueses e brasileiros.

A tempestade interrompeu o discurso do Papa aos jovens, que pretendia responder às perguntas que vários jovens de diferentes países lhe tinham colocado, momentos antes.

O ambiente, durante a tarde, tinha sido diferente: bispos que tiravam fotos, alguns deles segurando chapéus brancos de vaqueiro, oito tanques dos bombeiros que molhavam a multidão para ajudar a refrescar, milhares de bandeiras (entre as quais muitas de Portugal) agitadas num oceano de cores, grupos que cantavam, outros aproveitando a espera para descansar, que as noites da Jornada Mundial da Juventude não terão sido bem dormidas.

O mundo desaguara em Cuatro Vientos, o aeródromo a dez quilómetros do centro de Madrid, onde o Papa Bento XVI chegou pouco depois das 20h30 (menos uma hora em Lisboa) para presidir à vigília que reúne cerca de um milhão de jovens.

O Papa Ratzinger não fez o percurso previsto em papamóvel, tendo em conta o atraso sofrido no programa. Pouco depois das 20h locais, Bento XVI deixou o Instituto de São José, onde se encontrara com jovens portadores de deficiência. Às 20h50, o Papa subiu ao altar construído em Cuatro Vientos, saudando a multidão que, desde manhã, para ali começou a convergir, poucos minutos depois de ter sido recebido no aeródromo pelos príncipes das Astúrias.

A temperatura mantinha-se quente, mas o céu já ameaçava trovoada. No altar, para amanhã, a cobertura em forma de árvore dará sombra e verterá partículas de água, que refrescarão o ambiente onde se encontra o Papa em quatro graus. O palco onde está colocado o altar, com quase 200 metros de comprimento, tem capacidade para duas mil pessoas.

No recinto, equivalente a 48 campos de futebol, há 14 bares e 4300 sanitários, há 30 capelas improvisadas para oração. Durante a tarde, 700 pessoas foram atendidas nos postos de socorro por causa do calor, apesar dos apelos sucessivos da organização a que as pessoas bebam líquidos e se refresquem.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Em missão da Nasa, Júpiter ajudará a revelar origens da vida no Sistema Solar




O estudo sobre Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar, ajudará a revelar as origens do grupo planetário graças à missão Juno da Nasa - agência espacial americana -, que parte nesta sexta-feira a uma viagem de cinco anos que tem como meta surpreender não só com respostas, mas com descobertas inesperadas.
A missão Juno é a segunda missão eleita sob o plano "Novas Fronteiras", um programa misto entre a Nasa e o setor privado, centrado em um projeto para a prospecção do Sistema Solar com um orçamento de US$ 1 bilhão.
Juno, a deusa da maternidade e protetora das mulheres na mitologia romana, partirá ao encontro de seu marido Júpiter, a principal deidade do panteão romano, a bordo do foguete Atlas V a partir do Centro Espacial Kennedy da Nasa, em Cabo Canaveral (Flórida), na busca de respostas científicas.
Em entrevista à Agência Efe, Adriana Ocampo, da divisão de Ciências Planetárias da Nasa e responsável pela missão, indica que, entre as incógnitas que se deseja desvendar, está o papel exercido por Júpiter na evolução e na origem do Sistema Solar e da Terra.
Este planeta de grandes dimensões tem um grande campo magnético que atuou como barreira para impedir que as moléculas dispersas no Universo no princípio de sua história ficassem de fora do Sistema Solar e permitissem o surgimento de vida.
Seu campo gravitacional conseguiu apanhar as moléculas de hidrogênio e oxigênio com as quais se forma a água, ingredientes fundamentais que proporcionaram o desenvolvimento dos oceanos e da atmosfera da Terra, que criaram as condições necessárias para a vida.
"Em vez de ter sido totalmente árida, como teria sido se não tivesse tido moléculas de água e atmosfera, lhe deu a oportunidade de poder capturar essas moléculas levianas", indica Ocampo. Segundo ela, a pergunta que fica pendente para a missão Juno é "por que na Terra surgiu a vida como a concebemos, e não em outros planetas".
"Sabemos que, para a vida, são necessários pelo menos três ingredientes: matéria orgânica, água líquida e uma fonte de energia", como aconteceu na Terra, "mas há outros lugares em nosso Sistema Solar que possam ter tido ou estão tendo essa combinação, o que torna esta missão especialmente interessante", explica a responsável.
Já é conhecida a composição gasosa de Júpiter, principalmente de hidrogênio e hélio, mas a comunidade científica não sabe onde começa o núcleo e se tem uma parte sólida, dúvida que buscarão desvendar com a missão Juno.
Outro dos objetivos é analisar as mudanças climáticas de Júpiter e o impacto que elas têm para a Terra. Desde o século XVII os cientistas observaram a "grande mancha vermelha" de Júpiter, uma tempestade cuja área é duas ou três vezes o tamanho da terrestre e que permanece no planeta há mais de 300 anos.
"Não conhecemos o mecanismo que faz com que uma tempestade dure centenas de anos. Se pudermos entender o sistema climático tão complexo de Júpiter, também vamos poder entender o sistema climático de nosso planeta e, talvez, prever com melhor precisão ciclones e furacões", assinala Ocampo.
Ela destaca que o campo magnético de Júpiter é tão forte que, "se fosse maior, teria sido uma estrela, não um planeta, e nosso Sistema Solar teria sido binário", ou seja, teria duas estrelas. "Mas não chegou a ter a massa suficiente para surgir como uma estrela".
Depois de mais de seis anos de preparação, a missão Juno partirá nesta sexta-feira e Ocampo considera que, tanto para ela, como para a equipe de 250 pessoas que trabalha na missão, é muito gratificante, já que "se conseguiu fazê-la ao custo atribuído e no tempo determinado".
Quando chegar a seu destino em 2016, Juno dará 33 voltas pela órbita de Júpiter para tentar responder algumas dessas perguntas. "Tenho certeza de que haverá muitas descobertas que não esperávamos", salienta a cientista.
EFE