Papa divulga encíclica 'histórica' sobre aquecimento global; conheça 5 pontos-chave
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Alberto Pizzoli/AFP
O papa descreveu o dano contínuo à natureza como "um pequeno sinal de crise ética, cultural e espiritual da modernidade".
Encíclicas são circulares papais dirigidas a bispos de todo mundo (e, como resultado, aos fiéis) informando a posição da Igreja Católica sobre determinados assuntos.
A solução, segundo o pontífice, vai exigir um alto grau de sacrifício e o que chamou de uma "corajosa revolução cultural" em todo o mundo.
A encíclica, intitulada Laudato Si (Louvado Seja) e descrita por alguns como "histórica" tem 190 páginas e aborda temas gerais. É a primeira vez que um papa dedica um documento do tipo à preservação ambiental.
Confira os principais pontos do documento:
1) O aquecimento global é real
Segundo o papa, "há um forte consenso científico" sobre a existência do fenômeno.
Francisco afirma que se não forem tomadas medidas para frear o aquecimento global, o volume de água potável cairá, a agricultura ficará prejudicada e plantas e animais serão extintos.
No documento, o pontífice também alerta sobre o perigo da elevação do nível do mar ? o que poderia acabar inundando algumas das cidades mais populosas do mundo.
2) O aquecimento global é resultado principalmente da ação do homem
Francisco reconhece que a mudança climática ocorre, em parte, de maneira natural, mas estudos científicos indicam que a sua "principal" causa são os seres humanos.
O papa argumenta que o "consumismo imoral" levou a sociedade a ter um comportamento que permite a contínua degradação do meio ambiente.
"A tecnologia baseada em combustíveis fósseis extremamente poluentes, como o carvão, mas também o petróleo e, em menor medida, o gás, precisa ser substituída de forma gradual e sem demora", adverte o pontífice.
3) Os países ricos têm uma "dívida ecológica" com os países pobres
No documento, Francisco diz que os países em desenvolvimento estão à mercê das nações industrializadas, que exploram seus recursos para alimentar sua produção e consumo, uma relação que o papa classificou como "estruturalmente perversa".
O pontífice rejeita o argumento de que o crescimento econômico é a chave para a solução da fome e da pobreza e também da recuperação do meio ambiente.
Segundo Francisco, essa teoria é "um conceito mágico do mercado".
4) Criação de fortes instituições internacionais
Francisco reconhece que regulações governamentais são necessárias para frear o aquecimento global, mas destacou que o essencial é ter instituições eficientes e organizadas com poder de punir quem violar as regras.
"É essencial alcançar um consenso global para resolver os problemas mais profundos que não podem ser solucionados por ações unilaterais de países individualmente", diz o papa.
Segundo o pontífice, as regulações por si só não vão resolver o problema.
No documento, o papa pede uma mudança da perspectiva ética global sobre a preservação da natureza.
5) Pressão sobre líderes políticos e sacrifício individual
Francisco afirma que "muitos dos que têm mais recursos e mais poder econômico e político parecem estar concentrados principalmente em encobrir problemas ou sintomas, tentando apenas reduzir alguns impactos negativos de mudança climática".
O papa faz uma pedido para que que as pessoas formem redes sociais para pressionar líderes políticos e para ajudar aqueles que estão desabrigados ou desempregados por causa da mudança climática.
Ele também aconselha adotar pequenas mudanças nos hábitos diários, incluindo "usar transporte público, pegar carona, plantar árvores e desligar luzes desnecessárias."
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