Papa prepara o futuro da Igreja com novos cardeais
Enquanto as delegações nacionais aplaudiam, os novos cardeais - incluindo o brasileiro dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida - foram elevados ao posto de principais assessores do papa, em uma cerimônia solene na Basílica de São Pedro, conhecida como consistório.
Cada um dos 24 prometeu lealdade ao pontífice, aos futuros papas e à Igreja, mesmo que isso signifique dar suas vidas por eles.
No total, 20 dos novos cardeais têm menos de 80 anos e, portanto, podem participar do conclave que elegerá o sucessor de Bento 16, após a morte do papa atual.
Os novos cardeais incluem também o arcebispo de Washington, Donald Wuerl, que é uma importante personalidade na capital norte-americana e deve ter um papel de liderança na resposta da Igreja aos escândalos de abuso sexual por padres.
Antes da cerimônia, o Vaticano disse a bispos de todo mundo que eles terão de assumir mais responsabilidades para impedir o abuso sexual de padres sobre crianças, depois de uma série de escândalos em todo o mundo.
O Vaticano também afirmou, em comunicado emitido após um encontro de cardeais que durou toda a sexta-feira, que está preparando novas diretrizes para seus bispos, para alertá-los sobre como agir em relação ao tema do abuso sexual, incluindo a cooperação com as autoridades locais.
Os cardeais da Igreja Católica de todo o mundo realizaram uma rara reunião para discutir a liberdade religiosa, o abuso sexual de crianças por parte de padres e a aceitação de convertidos da Igreja Anglicana.
O cardeal William Levada, o norte-americano que chefia o comitê doutrinário, cargo que era de Bento 16 antes de ele se tornar papa, falou sobre "maior responsabilidade de bispos para a proteção de fieis confiados a eles," disse o comunicado.
A Igreja tem tido dificuldade em lidar com os escândalos de abuso sexual de crianças e jovens, por parte de padres, em vários países.
Vítimas de abuso sexual protestaram em Roma para coincidir com o encontro dos cardeais como o papa. Elas alegam que o Vaticano não fez o bastante para garantir a proteção das crianças.
"Queremos que os bispos entreguem à polícia e aos promotores os arquivos pessoais de clérigos comprovadamente, assumidamente e certeiramente acusados de molestar crianças", afirmou Barbara Blaine, líder da Rede de Sobreviventes dos Abusados por Padres (Snap).
"A única forma de assegurarmos que as crianças que todos sabemos e as crianças que participam de missas todos os dias estão a salvo é se a Igreja parar de lutar e começar a cooperar, como qualquer outra organização faria e deveria fazer", disse, em coletiva de imprensa, Lucy Duckworth, membro da Snap e vítima de abuso.
Os participantes da reunião também debateram a liberdade religiosa, um tema que veio à tona depois de um conflito do Vaticano com o governo comunista da China, após a nomeação de um bispo sem a permissão papal.
O tópico da liberdade religiosa ganhou intensidade na quinta-feira, quando o Vaticano alertou a China para o país não forçar bispos leais ao papa a comparecerem à nomeação de um outro que é membro da igreja apoiada pelo governo, que não reconhece o pontífice.
Neste sábado, Guo Jincai se tornou bispo na cidade de Chengde, no norte da China, em uma cerimônia protegida pela polícia, que manteve os repórteres à distância.
Católicos na China estão divididos entre uma igreja que reconheça o papa e sua autoridade para nomear bispos e a "associação patriótica," gerida pelo governo, que nomeia seus próprios bispos.
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