domingo, 19 de fevereiro de 2012


Papa consagra 22 novos 

cardeais, incluindo 

um brasileiro


Dos 22, 18 têm menos de 80 anos e por isso poderão participar de um eventual conclave para escolher o sucessor de Bento 16

EFE 18/02/2012 12:00 - Atualizada às 17:07

O papa Bento 16 celebrou neste sábado na Basílica de São Pedro do Vaticano o quarto consistório de seu pontificado para nomear 22 novos cardeais, entre eles o brasileiro João Braz de Aviz, de 64 anos, o único latino-americano que recebeu neste sábado o título. Milhares compareceram à cerimônia, muitos deles provenientes das nações de origem dos cardeais. O arcebispo espanhol Santos Abril e Castelló, de 76 anos, também foi nomeado.

Foto: AFP
Cardeal João Braz de Aviz (D) recebe barrete do papa Bento 16 durante cerimônia na Basílica de São Pedro, no Vaticano
Dos 22 novos cardeais, 18 têm menos de 80 anos, por isso poderão participar de um eventual conclave para escolher o sucessor do atual papa. Os outros quatros são octogenários e, segundo a norma vaticana, não podem entrar na Capela Sistina - lugar dos conclaves - para escolher um novo pontífice.
Dos 18 eleitores, 12 são europeus, um latino-americano, três americanos e dois asiáticos. Dos 12 europeus eleitores, sete são italianos, o que representa uma potencialização da igreja italiana, que se coloca como a primeira no número de cardeais com um total de 52, 30 deles eleitores. Após a Itália, os Estados Unidos possuem 19 cardeais (12 eleitores), seguidos pela Espanha com dez (cinco eleitores), Brasil também com dez (seis eleitores) e França com nove (quatro eleitores).
Com os novos cardeais, a igreja europeia amplia seu peso no Colégio Cardinalício, no qual passa a ter 119 membros. A América Latina continua sendo a segunda colocada, agora com 32 cardeais, seguida pela América do Norte, com 22, Ásia com 20, África com 17 e Oceania com quatro.
Com essas nomeações, o Colégio Cardinalício fica formado por 214 cardeais, dos quais 125 não são octogenários e, por isso, podem participar em um eventual conclave para a escolha do papa.  No domingo, Bento 16 realizará uma missa solene com os novos cardeais.
'Mundo mudou'
Em entrevista posterior à consagração, Braz de Aviz disse à agência de notícias católica I-Media esperar que o Colégio Cardinalício seja mais "universal", convidou seus colegas a reconhecer que o mundo mudou e pediu à Europa e aos Estados Unidos que desçam do pedestal e "voltem seus olhares" para a América Latina.
"Na América Latina e em outras partes temos de admirar a grande história da Europa, sua beleza. Mas a Europa, por sua vez, deve descer das alturas e ter uma atitude fraternal com os outros continentes e deixar de olhar os demais de cima para baixo", disse. "Isso de um ponto de vista católico e econômico, mas também dentro da Igreja", continuou.
"Não podemos deixar de levar em conta que América Latina, Ásia e África mudaram e continuar pensando que são colônias ou do Terceiro Mundo", completou.
O novo cardeal há mais de um ano é prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e é responsável por cerca de 800 mil religiosos e religiosas espalhados pelo mundo. O ex-arcebispo de Brasília, que confessou que tem no corpo 130 fragmentos de chumbo por causa de um tiroteio há 30 anos, é, segundo o site de notícias religiosas Vatican Insider, um defensor da "teologia da libertação".
Para o brasileiro, a corrente teológica latino-americana que surgiu na década de 60 contra a opressão e a favor da luta dos mais desfavorecidos foi "útil" e até "necessária", porque deixou que a Igreja descobrisse a "opção preferencial pelos pobres", de acordo com o site.
A designação de diversos cardeais provenientes da Europa, em particular da Itália, desencadeou polêmicas por causa do "eurocentrismo" do papa alemão, que, para vários observadores, prepara sua sucessão.
Interrogado sobre o desequilíbrio no órgão diretor da Igreja, o novo cardeal considerou que "quanto mais universal for o Colégio Cardinalício, melhor ele representa a Igreja". "Trabalhamos muito para conseguir isso e seguiremos agindo. A Igreja é tão original, tão unida e, ao mesmo tempo, tão cheia de diferenças!", comentou.
*Com EFE e AFP

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